Valor Econômico – Uma planilha em poder
do Ministério Público revelou que os auditores fiscais da Prefeitura de
São Paulo acusados de integrar a Máfia do Imposto sobre Serviços (ISS)
arrecadaram R$ 29 milhões de propina entre junho de 2010 e outubro de
2011. O documento mostra ainda que 410 empreendimentos pagaram propina
neste período. A fraude provocou um prejuízo de R$ 59 milhões aos cofres
públicos, já que o município recebeu apenas R$ 2,5 milhões dos R$ 61, 3
milhões que deveriam ser arrecadados de ISS.
A planilha pertence ao fiscal Luís
Alexandre Cardoso Magalhães e foi encontrada ontem, embora o HD com as
informações já estivesse nas mãos dos investigadores. O auditor negou em
oitiva ter conhecimento do material. No entanto, o promotor Roberto
Bodini fez questão de frisar que o depoimento de Magalhães não altera os
rumos da investigação. “A planilha, ao nosso ver, é a contabilidade de
todo o funcionamento da quadrilha”, disse Bodini, acrescentando que mais
empresas devem estar envolvidas no esquema, já que o documento
descoberto não contempla todo o período de investigação.
O controlador-geral do município, Mário
Spinelli, disse que a propina era dividida entre Magalhães, Ronilson
Rodrigues, Eduardo Barcellos e Carlos Di Lallo, todos fiscais. Os
promotores que investigam a atuação dos auditores afirmam que há
indícios de que a quadrilha agia pelo menos desde 2005, na gestão José
Serra (PSDB). Antes de descobrir a planilha, afirmou Bodini, o MP
trabalhava com a ideia de 40 empreendimentos e sete empresas envolvidas
com a fraude. “Não temos hoje a estimativa de quantas empresas são, mas
certamente esse número vai aumentar. A identificação também é uma
questão de tempo”, declarou.
Os documentos, segundo o promotor,
confirmam a conduta irregular das empresas. “Se levarmos em conta as
declarações dos investigados e a planilha, podemos concluir que elas
pagaram visando o benefício próprio. Então, se eram vítimas, não se
comportaram como tal”, disse. O MP já pediu a quebra do sigilo fiscal
das empresas que supostamente tiveram o envolvimento comprovado.
O controlador-geral do município afirmou
que a planilha está em linha com a estimativa inicial de que a
quadrilha desviou entre R$ 200 milhões e R$ 500 milhões em todo o
período de atuação. Spinelli observou que os fiscais cobravam propina
até de pequenos empreendimentos. Há casos em que ao ISS a recolher era
de R$ 600 e o empreendedor pagou R$ 300. “Com a apreensão deste
documento fomos jogados lá na frente”, completou o promotor.
De acordo com Bodini, o documento contém
todas as informações, como o valor que deveria ser recolhido, o que de
fato foi efetivamente recolhido, o desconto de 50%, e o pagamento da
parte do despachante, quando havia.
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