ARTIGO - UMA ILHA, DUAS CÂMARAS E UM PROPÓSITO.

A Sessão Especial ou audiência pública realizada na tarde noite desta quarta feira (27/06) na Ilha do Fogo, que separa (ou une, a depender do ponto de vista), Petrolina e Juazeiro foi excepcional sob todos os aspectos.

Pelo local da realização; por ser a primeira sessão conjunta das Câmaras de Petrolina e Juazeiro; pela presença e postura do Comandante do 72º BIMTZ,  encarregado de executar a ordem de ocupação; pela presença de representantes autorizados dos prefeitos das duas cidade e pelo compromisso assumido pelos órgãos federais com atuação  interestadual (UNIVASF e CODEVASF).

Proposta pelo vereador Mitonho Vargas  a partir de uma solicitação do Coletivo Amigos da Ilha para discutir a iminente ocupação pelo Exército, determinada pela Justiça Federal, a sessão terminou por expor aos presentes que só há um propósito em todos os envolvidos na questão: revitalizar a ilha e deixa-la à disposição das comunidades de Petrolina e Juazeiro.

Foi esse o cerne das intervenções do Comandante James: impor ordem a um espaço de propriedade da União, hoje degradado e apropriado indevida e perigosamente por poucos, sem negar-se ao diálogo e ao entendimento. Na mesma linha de raciocínio discursaram os outros representantes das instituições federais: A CODEVASF colocando-se à disposição e a UNIVASF propondo a criação do Museu do Ribeirinho.

Os vereadores de Juazeiro, Zó, Mozaniel, Jane, Alex Tanuri, Leonardo e Valdeci, acrescendo-se o presidente Nilson e a Secretária Suzana, estiveram presentes do início ao fim da sessão, demonstrando uma preocupação que não existiu nos vereadores de Petrolina, dos quais só estiveram na ilha a Presidente Maria Helena e a Vereadora Cristina.

Zó e Alex coincidiram nas propostas: Para eles além das discussões, elogiáveis por permitir a participação da comunidade e ampliar o leque de alternativas, são necessárias urgentes atitudes práticas, “já que o tempo urge”. Para eles CODEVASF e a UNIVASF, os dois órgãos federais com atuação e presença nos dois municípios, podem e devem assumir a responsabilidade pela ilha.

Jane apesar de não se pronunciar, apoia a mobilização e vai “se unir aos vereadores das duas cidades para encontrar uma solução que não tire a ilha da comunidade”. Mozaniel elogiou a postura do Comandante, mas manteve a firme postura de defesa da ilha para o povo.

Mitonho foi mais longe: Em um discurso que emocionou, disse que os argumentos do coronel “não foram capazes de me convencer”, falou da importância histórica da ilha, da sua convivência com as lendas e a da beleza do por do sol e das providências “imediatas e urgentes”, pois, referindo-se aos que defenderam a ocupação para proibir a presença de usuários de drogas, “a maior droga é perder o acesso à ilha”.

Independente do formato de expressar-se, o que se nota é o desejo genuíno de se preservar a ilha e tê-la à disposição das duas comunidades.

blog do Geraldo José